MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

Imagine que você ouvisse um médico dizendo “a cirurgia não era o caminho mais indicado para o paciente, mas eu precisava do dinheiro”. Ou ouvisse um engenheiro declarar “havia formas melhores e mais baratas de fazer essa obra, mas essa garantiu um faturamento melhor para meu escritório”. Certamente você, como eu, acharia uma atitude bastante reprovável, para dizer o mínimo.

Mas existe uma classe profissional que não se acanha de dizer que coloca os interesses financeiros acima da verdade. Que não se importa de ultrapassar os limites da ética para vencer o concorrente. Que admite estar sempre esticando mais um pouco os limites da honestidade. Estou falando da imprensa. Aquela que não se envergonha de ser sensacionalista em busca da audiência. Que não se importa de apelar ao mau-gosto e à baixaria, e que acha que 1% de verdade bastam para justificar 99% de mentira. E que nos últimos tempos resolveu achar que pode dizer a todos o que pensar e como se comportar.

Para quem vinha há tempos brincando de todo-poderoso, uma pandemia caiu como uma luva para os interesses da imprensa. Nada melhor do que o pânico criado por uma ameaça invisível para tornar as pessoas obedientes. A grande mídia declarou-se profeta e guardiã do trio sagrado máscara-isolamento-vacina e decretou que só os seus seguidores seriam salvos.

Por dois anos, eles repetiram suas certezas absolutas: a obediência às suas ordens salvava, a desobediência significava morte certa. Os números provavam isso, só que ninguém explicava os números. O que eles diziam era “ciência”, quem não concordasse era “negacionista”, e isso também não precisava ser explicado ou demonstrado.

No final do ano passado, começaram a acontecer coisas inconvenientes. Como todo o mundo comemorando os altos índices de vacinação e o sucesso das políticas oficiais, os casos começaram a atingir picos muito acima do que havia acontecido antes: Itália, Espanha, França, EUA, Canadá, Austrália, Japão. Praticamente todos os países do “primeiro mundo”, com a grande maioria da população orgulhosamente portando suas máscaras e seus passaportes de vacinação, apresentaram entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano uma média diária de casos três vezes maior que qualquer pico anterior. Você lembra de ter ouvido falar disso? Aposto que não.

Também aconteceram casos inconvenientes como o Ruby Princess, um navio de cruzeiro que partiu de São Francisco com passageiros e tripulantes 100% vacinados e testados antes do embarque, e que precisou ser isolado na volta devido a um surto de covid que surgiu durante a viagem.

Era óbvio que havia algo errado com a solução que deveria ser infalível. O jeito foi parar de falar nestes números inconvenientes e continuar apenas elogiando as salvadoras vacinas, e as virtudes e vantagens da terceira dose, da quarta, da quinta…

Mas o fim definitivo do problema veio em março (quem quiser achar que não foi coincidência, pode): uma guerra. Agora podemos todos esquecer a covid.

Infelizmente uma guerra é bem menos prática para a mídia do que um vírus invisível. A guerra pode ser filmada, suas consequências e seu desenvolvimento são vistos por todos. Mas a imprensa decidiu desde o primeiro dia que não deixaria a realidade atrapalhar seus planos: eles mostrariam a guerra que eles querem, e se os fatos desmentirem as notícias, azar dos fatos.

Então, segundo todos os noticiários, aconteceu mais ou menos o seguinte: havia uma terra mágica chamada Ucrânia, onde fadas e unicórnios passeavam entre cachoeiras douradas e arco-íris resplandecentes. Mas além das montanhas nevadas havia um bruxo malvado chamado Putin que, como todos os bruxos malvados das histórias infantis, era mau simplesmente porque era mau. E um dia o bruxo mau mandou suas tropas invadirem o reino mágico da Ucrânia e atacarem hospitais, orfanatos e escolas, porque ele é mau e portanto não precisa fazer sentido. O povo da Ucrânia, indefeso, abraçou-se em um canto e murmurou “quem poderá nos salvar?” Em resposta, um bravo cavaleiro de um reino distante chamado Joe Biden montou em seu cavalo, ergueu sua espada e gritou a palavra mágica “Sanções!”.

No momento, os noticiários estão divididos entre os que juram que as sanções de Biden irão vencer a guerra a qualquer momento e os que preferem reafirmar a maldade do bruxo malvado Putin, garantindo que ele está prestes a usar armas nucleares, ou químicas, ou biológicas, ou qualquer outra coisa que a imaginação dos jornalistas inventar. Também há os que juram que os civis ucranianos que receberam armas dos países da OTAN vão derrotar o exército russo, e os que garantem que a Europa Ocidental deixará de necessitar do gás e petróleo russos nos próximos dias. O que definitivamente não existe são jornalistas dispostos a explicar o contexto histórico da guerra, os acontecimentos que levaram a ela, ou de modo geral fornecer qualquer explicação que permita ao leitor pensar por si mesmo.

O quanto as pessoas aceitarem essa versão “conto de fadas” da realidade servirá de parâmetro para a imprensa saber até onde poderá ir no futuro.

5 pensou em “MENTIRAS

  1. Não foi toda a imprensa que jogou pânico na população, em relação à pandemia. Posso citar como um bom exemplo o programa “Pingo nos Is” da Pan, que sempre questionou no primeiro ano, o Lock Down horizontal e a demonização dos tratamentos precoces, que tiveram muito sucesso em várias cidades. Criticaram a paralização total das escolas. No segundo ano questionaram também a obrigatoriedade das vacinas, uma vez que as mesmas não foram devidamente testadas.

    Houve um único dirigente mundial que também se insurgiu e questionou especialmente a paralização das atividades econômicas durante a pandemia, dizendo que isso traria desemprego e fome. Seu nome? Jair Messias Bolsonaro. Não por acaso se tornou inimigo público nº1 do consórcio de jornais que se formou.

    O resto, a história dirá quem estava certo.

    • Os Pingos nos Is como programa jornalístico contestou algumas praticas , nunca foi enfático contra as medidas tomadas . O José Maria é a favor da vacinação , Fiuza é contra , só que o programa NUNCA mostrou alguns dos casos citados pelo Fiuza , só se preocupando com a defesa de atitudes tomadas pelo presidente da republica , não colocando no colo dele , o atual ministro da saúde , que tomou decisões pró vacinação e não pró saúde .

      • A vacinação tinha que ser feita, só não tinha que ser obrigatória, nem existir passaporte. Chegamos ao ponto de que funcionários foram demitidos por justa causa, por se recusarem a se vacinar. O Ministro atual cumpriu seu papel, que foi fornecer vacina a quem queria. O Fiúza apresentou no programa casos em que a reação à vacina levou à morte do vacinado.

        O programa PNI cumpriu seu papel de contestar e informar. Tem o do Lacombe também

        • O papel do ministério da saúde e da ANVISA é de investigar os casos de mortes e lesões graves que ocorreram pós vacinação , e no caso da ANVISA , seria de retirar as vacinas que provocaram danos as pessoas , porque é isso que se espera de uma agência reguladora .
          O ministério da Ciencia , Tecnologia e Inovação deveria ter feito filmetes mostrando o tamanho do vírus e a ação de máscaras para evitar o contágio e não fez
          O ministério da Saúde deveria divulgar que as vacinas são experimentais , cabendo ao cidadão decidir se se vacina ou não , independente de ação do STF , e não fez .
          Qualquer veículo de imprensa minimamente decente e imparcial , procuraria dar voz a todos os lados de uma questão , e nos casos de mortes ou lesões graves pós vacinação não foi isso que a JP fez e não é o que a JP faz .

  2. Usando uma frase do Fiuza . Vocês que forma enganados pela imprensa na pandemia , vão usá-la como fonte de informação na guerra Rússia x Ucrânia ?

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