Berto, boa tarde.
Uma homenagem aos apreciadores de poesia, e aos poetas do JBF. Colunistas e leitores.
Forte abraço.
R. Meu caro, complementando sua homenagem ao Dia da Poesia, vou transcrever um poema do meu ídolo, o genial Castro Alves, que encantou-se com apenas 24 anos de idade, deixando uma obra incompleta.
Aliás, esta data, 14 de março, assinala exatamente o dia de nascimento do Poeta. Daí a homenagem
Um poema que vou transcrever intitula-se O Adeus de Teresa, que eu memorizei e que vivia declamando quando ainda era adolescente.
Um poema no qual Castro Alves grafou propositadamente a palavra “orquestra” como “orquesta”, pra fechar a rima com a palavra “festa”
Fiz suspirar e ganhei muitas meninas lá em Palmares, nos tempos do Ginásio Municipal…
Na verdade, cheguei quase a decorar todos os poemas do livro Espumas Flutuantes, principalmente O Navio Negreiros, que até hoje me deixa emocionado.
O ADEUS DE TERESA – Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Passaram tempos sec’los de delírio
Prazeres divinais gozos do Empíreo
… Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei! descansa!. . . “
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei era o palácio em festa!
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! Ela me olhou branca surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
Antonio Frederico de Castro Alves (14/Mar/1847 – 6/Jul/1871)