RLIPPI CARTOONS

XICO COM X, BIZERRA COM I

COM DOIS CÊS E UM ‘PYSILONE’

Accioly Neto foi veranear em outro plano exatamente no ano em que me inseri na música: 2000. É possível sentir saudades de alguém que você não conheceu pessoalmente e senti-lo, de alguma forma, próximo de você? Respondo que sim. Sinto saudades de um Accioly Neto a quem não tive acesso, embora seja ele meu parceiro por uma generosidade de sua viúva, Tereza, que me presenteou com uma bela melodia inédita dele para que eu colocasse letra (Beijo, Dengo e Cafuné, gravada por Santanna, dentre outros). E assim foi.

PARCEIRO AFETIVO

Para Tereza, teríamos sido amigos, talvez parceiros em vida, tivéssemos nos conhecido pessoalmente. Também acho que sim. A verdade é que é um privilégio grande ter um parceiro da estirpe de Accioly, ainda que de forma póstuma, à titre posthume (como dizem os literatos) nesses tempos tão escassos de música boa e tão povoados de mediocridades e bundas musicais, estas, bonitas, reconheço, mas apenas sob o ponto de vista anatômico. Os xotes que ele fez são de sentar no meio fio e chorar de inveja da boa, como diria outro imenso, Aldir Blanc, sobre os sambas de Wilson das Neves.

ME AVEXO, NÃO

Por isso, não me avexo, pois sei que amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. Um dia, talvez, a lagarta crie asas e a música popular brasileira volte a ter o vigor que um dia já teve. A porta vai estar sempre aberta e nossos ouvidos vão dar uma festa quando isso acontecer. Por enquanto resta a saudade invadindo o coração da gente pegando de jeito a veia onde corre um grande amor. Segurar o chororô fica difícil, embora a saudade seja da boa e nos faça voltar a voar nas asas da ilusão. Até qualquer dia, Parceiro. Qualquer hora a gente troca um abraço e, quem sabe, faz nova parceria?

* * *

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DEU NO JORNAL

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

ALGUMAS DAS MELHORES FRASES DE CLARICE LISPECTOR

“Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.”

“Por que é que as coisas um instante antes de acontecerem parecem já ter acontecido? É uma questão de simultaneidade de tempo.”

“Eu queria escrever luxuoso. Usar palavras que rebrilhassem molhadas e fossem peregrinas. Às vezes solenes em púrpura, às vezes abismais esmeraldas, às vezes leves na mais fina macia seda rendilhada.”

“Não me corrija. A pontuação é a respiração da frase, e minha frase respira assim. E, se você me acha esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.”

“Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim.”

“Agarrava-se a um fiapo de consciência e repetia mentalmente sem cessar: eu sou, eu sou, eu sou. Quem era, é que não sabia. Fora buscar no próprio profundo e negro âmago de si mesma o sopro de vida que Deus nos dá.”

“Estou cansada. Meu cansaço vem muito porque sou uma pessoa extremamente ocupada: tomo conta do mundo.”

“Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”

“Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

“O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.”

“Eu amo a minha cruz, a que doloridamente carrego. É o mínimo que posso fazer de minha vida: comiseravelmente o sacríficio da noite.”

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente.”

“É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.”

“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.”

“Vivemos exclusivamente no presente pois sempre e eternamente é o dia de hoje e o de amanhã será um hoje, a eternidade é o estado das coisas neste momento.”

“Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois na sequência dos agoras é que você existe.”

“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro…”

“Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.”

“Sou um ser concomitante: reina em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios.”

“Apesar de sentir raiva diante das injustiças e dores do mundo, talvez esse sentimento seja útil como uma forma de enfrentar a realidade e tomar uma ação para mudança. Ou seja: nem todo sentimento ruim é totalmente ruim, podemos usá-lo a nosso favor.”

Clarice Lispector (1901-1964) foi uma premiada escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira – e declarava quanto a sua brasilidade, ser pernambucana – autora de romances, crônicas e ensaios. A talentosa Clarice é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, demonstrando profundo conhecimento da alma humana. Clarice Lispector é um marco em nosso Modernismo e suas obras continuam entre as mais lidas no país. A autora, vale lembrar, figura como uma das primeiras escritoras a ganhar notoriedade nacional, ao lado de grandes nomes: com Rachel de Queirós e Cecília Meireles, tendo, portanto, também um papel fundamental para desconstruir preconceitos e ampliar o horizonte para tantas outras mulheres na literatura.

PENINHA - DICA MUSICAL

DEU NO X

PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

CANTIGA DE VIOLA – Álvares de Azevedo

A existência dolorida
Cansa em meu peito: eu bem sei
Que morrerei…
Contudo da minha vida
Podia alentar-se a flor
No teu amor!

Do coração nos refolhos
Solta um ai! num teu suspiro
Eu respiro…
Mas fita ao menos teus olhos
Sobre os meus… eu quero-os ver
Para morrer!

Guarda contigo a viola
onde teus olhos cantei…
E suspirei!
Só a idéia me consola
Que morro como vivi…
Morro por ti!

Se um dia tu’alma pura
Tiver saudades de mim,
Meu serafim!
Talvez notas de ternura
Inspirem o doudo amor
Do trovador!

Manuel Antônio Álvares de Azevedo, São Paulo (1831-1852)

RLIPPI CARTOONS

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA