ALEXANDRE GARCIA

ADMINISTRAÇÃO INTERNACIONAL PARA GAZA SERIA UM AVANÇO BEM-VINDO

Palestinos deixam a Cidade de Gaza rumo ao sul do enclave, após aviso do exército israelense, em 14 de outubro de 2023.

Palestinos deixam a Cidade de Gaza rumo ao sul do enclave, após aviso do exército israelense

Parece boa a sugestão dos Estados Unidos, de que a Faixa de Gaza passe a ter controle internacional, ou seja, pela ONU. Quando eu estive lá, em 1982, durante a guerra no norte de Israel e sul do Líbano, havia soldados das forças de paz da ONU, vindos dos países nórdicos, principalmente da Suécia. Foi a primeira vez que vi soldado de brinquinho – e não cheguei a ver soldado no front, só nos lugares onde se vendia cerveja.

Nos anos 1950 – eu servi em 1959 – houve seleção de tropas brasileiras para ir a Gaza. Muitos brasileiros serviram lá. E a Faixa de Gaza sempre foi um problema, desde 1956. Poderia ser uma solução, desde que a ONU soubesse cuidar realmente daquela região, para evitar que grupos terroristas voltem a atacar Israel como fizeram os nazistas da Alemanha, do nacional-socialismo. O objetivo dos nazistas era matar todos os judeus, extirpá-los. Chamavam isso de “solução final” para o “problema judeu”. O Hamas e aqueles que o apoiam têm o mesmo objetivo nazista: matar os judeus. Então, tirar a Faixa de Gaza dos terroristas e colocá-la sob administração internacional seria uma boa solução.

Na ONU, o embaixador de Israel lembrou de 90 anos atrás ao dizer que a delegação de Israel passaria a usar a Estrela de Davi amarela, a mesma que os nazistas obrigavam os judeus a usar no peito para mostrar que havia uma “raça inferior” circulando entre os alemães. Este é o antissemitismo que está sendo ressuscitado hoje, pelos nazistas de 90 anos depois.

* * *

Congresso abre outra frente para tentar restaurar paz no campo

O Legislativo está tentando resolver toda essa inquietação fundiária depois que Lula vetou a decisão do Congresso Nacional de repor o marco temporal que está na Constituição, mas que o Supremo tirou. É incrível isso: o Supremo declarou que um pedaço da Constituição, no artigo 231, é inconstitucional. Os constituintes trabalharam 20 meses para fazer uma regra que trouxesse paz no campo, o Supremo derrubou, o Congresso repôs, e Lula vetou. O Congresso certamente tem votos mais que suficientes para derrubar o veto.

Mas não é só isso. Uma comissão da Câmara, que andou examinando terras indígenas no Mato Grosso e no Pará, chegou à conclusão de que é preciso fazer uma CPI para investigar fraudes nas demarcações de terras indígenas. A terra que eles visitaram, por exemplo, tem 362 mil hectares e 60 índios. A reserva Apyterewa, objeto de um relatório reservado da Secretaria Nacional de Segurança Pública, feito em 2017 e que eu li, tinha 775 mil hectares para 470 índios naquela época. Na terça votaram e aprovaram um parecer recomendando a criação de uma CPI para examinar todas as terras que são objeto de laudos falsos sobre presença de indígenas.

Que é preciso estabelecer reservas é algo que está na Constituição. O artigo 231 garante para os índios “as terras que tradicionalmente ocupam”. “Ocupam” se refere às terras onde eles estavam no dia da promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988. O texto não diz “que vierem a ocupar”, ou “que tenham ocupado e depois tenham desistido de ocupar”. Agora, é saber o que o Congresso Nacional vai fazer pela paz no campo, que já está afetado por esses dez meses de política econômica totalmente tortuosa e sem rumo.

DEU NO X

DEU NO JORNAL

SEM CARGO, MAS COM GABINETE E AGENDA DE VICE

Negando-se a informar os gastos e presentes da primeira-dama Janja, a Casa Civil alega que ela “não tem função” e nem exerce cargo público, mas a rotina em seu gabinete no Palácio do Planalto mostra o contrário.

Janja recebe ministros para “despachar”, incluindo o chefe da Casa Civil, Rui Costa, além de, parlamentares e embaixadores e funcionários da ONU. A agenda de Janja faz sombra ao próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo gabinete, aliás, está relegado a um anexo do Planalto.

Janja recebeu Rui Costa em março, no mesmo dia (17) em que armou cena para ser fotografada no bandejão do Planalto. Nunca mais voltou.

Também em março, em plena cruzada do governo Lula para regular as big techs, Janja recebeu Juliana Barreto, representante do Google Brasil.

As ministras Cida Gonçalves (Mulheres) e Esther Dweck (Gestão), além do deputado federal Reimont (PT-RJ), também batem ponto por lá.

Além de outros salamaleques, há registro da reunião com Flávia Filippini, chefona da EBC, no dia da live de Janja transmitida pela TV Brasil.

* * *

A vice-presid-anta Esbanjanja, imitadora, discípula e seguidora fiel do marido, não tem um pingo de vergonha no fucinho.

Candidata imbatível ao Troféu Cara-de-Pau do Ano.

Enquanto isto, o vice-presidente Ai-De-Mim anda procurando um xuxu pra enfiar no furico.

Um xuxu macio e que não arranque muitas pregas.

Esta nossa Republiqueta Banânica é um recanto de mundo dos mais surrealistas que possam existir no Planeta Terra.

É para arrombar a tabaca de Xolinha!!!

Charge da semana - Revista Oeste

DEU NO X

DEU NO X

PENINHA - DICA MUSICAL

BOB DYLAN

Semana dedicada ao colega colunista Cícero Tavares e ao amigo leitor José Roberto.

License to Kill

DEU NO X

LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

BERNARDO - AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS

ALEXANDRE GARCIA

HORA DE PENSAR

Domingo último foi Dia Nacional do Livro. O genial Castro Alves escreveu: “Ó bendito o que semeia livros a mancheias / e manda o povo pensar”. Há 150 anos o poeta sentia a necessidade de mandar o povo pensar e, em consequência, ter informação e conhecimento. O povo pensar é essencial para que ele exerça o poder que dele se espera se o regime for democrático, em que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”, como estabelece o primeiro artigo da Constituição. Povo que pensa elege bons representantes; povo que pensa fiscaliza seus representantes; povo que pensa não permite que seus representantes ou seus servidores se desviem de seus deveres; povo que pensa não permite que quem não tem representação do voto vá além de seus limites; povo que pensa não se deixa enganar por falsos rótulos, falsas verdades, falsos arautos.

Se estamos felizes com a segurança pública, com o trânsito, com os nossos políticos, com a possibilidade de futuro para nós, nossos filhos ou netos, então talvez seja porque nos alienamos e estamos à espera da mão divina para nos trazer um país melhor. Ontem fez um ano que Lula foi eleito presidente. Suponho que seus eleitores pensaram antes de votar, pensaram mil vezes antes de votar. Suponho que pensamos muito antes de dar o voto aos nossos representantes nos governos e legislativos. Não sei se os deputados, vereadores, senadores pensam a respeito do que eles representam e no que se espera deles. Não sei o que estão pensando os ministros do Supremo quando leem a Constituição ou recordam as aulas de Direito.

Parece que vamos vivendo uma ficção acima da realidade; a realidade fica embaixo do tapete da alienação que parece esperar a salvação vinda de fora de nós. Não existe essa salvação, a não ser aquela que construirmos. Não será Deus, nem os marcianos, nem a ONU. O crime tomou conta do Rio de Janeiro porque os cariocas ficaram esperando uma salvação. Ou houve omissão ou concordância por décadas e o crime foi se consolidando, a ponto de criar territórios próprios. E esses territórios vão estar maiores nos anos que vierem. Damos as costas para a Amazônia, com milhares de ONGs estrangeiras, e daqui a mais um tempo vamos nos surpreender perdendo metade do nosso país. Não nos interessamos pelo ensino, as escolas que formam o futuro, e logo estaremos em busca do futuro perdido.

Por falta de informação e de conhecimento, ou preguiça de pensar, deixamos que outros pensem por nós. E temos um 1984 de Orwell esperando para tomar conta de nossas liberdades, apenas para nos usar. O teste da pandemia mostrou como não pensamos e aceitamos até o absurdo de que “esta doença não tem tratamento”. E fomos morrendo com a mentira repetida, como ensinou o nazista Goebbels. Mas do que nunca é preciso pensar que a verdade vos libertará, do Evangelho de João, que o jovem Castro Alves resumiu em mandar o povo pensar. Penso, logo sou cidadão. O futebol, o samba, a praia podem trazer alegrias. E elas podem ser anuladas pela falta de direitos e liberdades.