MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

ESSE LOUCO MUNDO EM QUE VIVEMOS

A maioria das pessoas já deve ter percebido que o mundo em que vivemos está louco. Na maioria do tempo, tenta-se disfarçar, fazer de conta que tudo continua como antes. De vez em quando, um acontecimento prova que há algo de errado. Quando acontece, é bom vermos logo, porque as provas costumam “sumir” de uma hora para outra.

No dia 22 de setembro, o parlamento do Canadá, com a presença do primeiro-ministro Trudeau e de diversas autoridades estrangeiras, incluindo o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky e o embaixador da Alemanha, realizou uma homenagem a Yaroslav Hunka. Assista no vídeo abaixo:

Yaroslav, hoje com 98 anos, é um ucraniano que emigrou para o Canadá nos anos 50. Sabe-se que no mundo de hoje, ser ucraniano é motivo suficiente para receber homenagens, inclusive com a presença do festejado arroz-de-festa Zelensky.

Só há um pequeno “problema” nessa história: Yaroslav foi membro da SS durante a 2ª guerra. SS, para quem não sabe, é a sigla de Schutzstaffel, uma organização militar (ou paramilitar, segundo alguns) ligada ao partido nazista. Yaroslav se alistou como voluntário na 14ª divisão da Waffen-SS em 1943.

Se tivesse acontecido em um país que não faz parte da turminha, os céus desabariam e soariam as trombetas do apocalipse. Sendo o Canadá, tudo foi rapidamente empurrado para baixo do tapete, com as desculpas mais bizarras. Quem quiser uma descrição mais completa do vexame e das bobagens ditas pelos envolvidos, pode consultar este artigo de C.J.Hopkins clicando aqui.

De minha parte, destaco um tema que não está sendo debatido mas que sempre me interessou. Yaroslav nasceu em 1925 na cidade de Urman, em uma região conhecida como Halychyna ou Galícia Oriental. Urman fez parte do império austríaco até 1918, quando passou a pertencer à Polônia. Ou seja, quando Yaroslav nasceu em uma cidade que nunca havia sido Ucrânia, e que só viria a sê-lo em 1945 quando a 2ª Guerra terminou. Cito tudo isso porque após o “incidente” surgiram muitas explicações falando em “motivações patrióticas” e que os membros da 14ª divisão da SS não eram nazistas, eram apenas patriotas que queriam libertar sua pátria.

Mas que pátria? A terra onde Yaroslav nasceu era parte da Polônia há meros 7 anos, depois de ser parte do império austríaco por mais de um século. A Ucrânia da época ficava centenas de quilômetros à leste de sua cidade natal. Será que funciona como na ideologia de gênero? Ele nasceu na Polônia mas se identificava como ucraniano?

Arrisco um palpite: o que muitos chamam de “amar a sua terra” é apenas um pretexto para amar algum político ou algum partido da sua terra ou de alguma terra próxima.

DEU NO X

XICO COM X, BIZERRA COM I

A AMIGA DO MEU AMIGO

Meu amigo perdeu sua amiga Izolda, não sabe onde nem como, sabe apenas que a perdeu e pôs-se a procurá-la, no meio do mundo, nos confins do universo … como viver sem Izolda? Ela que abria suas janelas e deixava o cheiro da flor entrar … Que acendia a luz do terreiro e apagava a tristeza e a dor … Que dançava a bela dança com seus pés leves de cetim … Ela que usava a roupa que ele queria, quando roupa usava … Que lhe ensinava a dor do beijo e o tremor dos lábios na hora exata em que os lábios devem tremer … Ela que se plantava em seu jardim respirando o azul mais terno e expirando o cor-de-rosa .. que se deixava ser regada e, depois, colhida … Ela, assim mesmo tão doidinha, nunca precisou usar Diazapan…

– Onde estará Izolda? aflito, perguntou –me.

– Onde Izolda se esconde? Onde?

Respondi-lhe, olhos uma vez só a piscar:

– Você acha, meu amigo, que se de Izolda eu soubesse, ao menos desconfiasse do seu íntimo paradeiro, do secreto esconderijo dessa agulha num palheiro, se em Paris ou no Crato, Nova York ou Telaviv, se eu soubesse de fato o lugar onde ela vive, onde se esconde a bailarina, a pintora, a contista, eu diria para alguém? Daria seu endereço? Por maior que seja o apreço que lhe tenho seria eu tão burro assim? – Não me leve a mal, meu amigo, deixe guardado comigo o segredo que guardarei sem medo quando souber o lugar onde está Izolda; Mas, por favor, não insista, permita-me ser egoísta. Quando descobrir, apenas para mim revelarei o seu refúgio …

Em Tempo 1: a última notícia que dela tive foi que estava comendo pastel na praia de Gaibu. Antes, disseram-me tê-la vista comprando uma geladeira usada na feira de Gravatá. Se a avistarem por aí, mandem um ZAP para mim. Guardarei segredo. Só espero não ter confirmada a informação de que Izolda casou com um industrial nigeriano rico e mudou-se para a África.

Em Tempo 2: Assim agindo, estaria eu sendo amigo do meu amigo?, assaltou-me a dúvida. Creio que sim. É que ele, de tanto gostar, termina sendo por ela maltratado. Para o seu bem, melhor não encontrar Izolda.

DEU NO X

ARISTEU BEZERRA - CULTURA POPULAR

REFLEXÕES POÉTICAS DE MILLÔR FERNANDES

SINCERIDADE
(POESIA COM OBJETIVO DEFINIDO)

Nosso alvo é a paz
Dizem americanos e russos
De emboscada.
E se armam para um tiro
Na coitada.

POEMINHA A UM FOTÓGRAFO

Retoca, meu rapaz, retoca bem;
Tira aqui um pouco de papada,
E mete uns cabelos mais;
Tem quase nada.
Corta a curva do nariz
Alisa as rugas
Raspa a cicatriz
(Não morri por um triz)
E não esqueça de botar
Um pouco de brilho juvenil
No olhar.
Eu lhe recomendei bem
Ao fazer o pedido:
Não me agrada sair
Tão parecido.

SEM MARGEM A DÚVIDAS

Se você ainda mantém
A intenção moral-visual
De só encarar homens de bem
Segue este meu conselho:
Sai da rua,
Vai pra casa,
Tranca a porta
E quebra o espelho.

POESIA DA CONFORMAÇÃO DEFINITIVA

Não quero mais, nunca mais,
Melhorar.
Agora vou parar
E descansar.

POEMINHA SOBRE O MISTÉRIO DO TEMPO

O despertador desperta
Acordo com sono e medo:
Porque a noite é tão curta
E fica tarde tão cedo?

CONSTATAÇÃO MELANCÓLICA NUM MUNDO DE
MUDANÇAS VERTIGINOSAS

Você luta, trabalha,
Dá um duro danado
E quando senta, contente,
Está ultrapassado.

Milton Viola Fernandes (1923 – 2012). Autor e tradutor. Descobriu na adolescência que havia sido registrado erroneamente, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr. De humor singular, humanista e moderno, com visão cética do mundo, Millôr Fernandes foi considerado uma figura de proa do panorama cultura brasileiro: jornalista, escritor, artista plástico, humorista, pensador. Destacou-se em todas essas atividades. No teatro, empreendeu uma transformação no campo da tradução, tal qual a quantidade e diversidade de peças que traduziu. Escreveu em parceria com Flávio Rangel – Liberdade, Liberdade – espetáculo musical que fez grande sucesso em nossos teatros, em 1965. Em seus trabalhos costumava-se valer de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes sendo, em consequência, confrontado constantemente pela censura.

PENINHA - DICA MUSICAL

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

JOSÉ ALVES FERREIRA – SÃO PAULO-SP

Caro Berto!

Papa

Uma das coisas mais anacrônicas de tempos atuais é a figura do papa.

Como se falava antigamente, não orna com o momento atual.

Para que serve?

Para os católicos é o líder supremo da igreja, mas não somos atualmente – praticamente em todos os países – estado laico? Ou não existem mulçumanos, judeus e outras religiões próprias em cada bloco do mundo?

E, católicos são a representação de que?

Mas, a mídia reverencia, dá espaço e expõe suas falas como se ele pudesse, com o poder verborrágico resolver tudo.

Vive a palpitar sobre tudo, sem nada resolver, a não ser pedir orações, e aconselhar quem sequer pediu seus conselhos.

Pois é, o catolicismo a muito deixou de ser religião de grande alcance, mesmo por que no passado era imposta no fio da espada, daí os tais “cristãos novos”.

Dá-se grande importância, como se ainda vivêssemos em tempos feudais, onde tudo podia e fazia, inclusive guerras, perseguições e grandes negociatas, além de festas e orgias.

Vive escatelado em um mundo de soberba e mordomias, mas se diz defensor dos mais humildes, como aliás é o mesmo o discurso de nosso atual presidente.

O criador do Universo – em quem acredito e venero – não precisa de intermediários, procuradores ou que tais: ele atende e espera respeito, sem mediadores, afinal a decisão será dele e, bobagem tentar imaginar sua sentença sobre nós.

Então, coloco o papa, rabinos, bispos, pastores, missionários e outros nomes inventados por “igrejas” para apenas colocarem a mão em seu bolso no mesmo saco…apenas querem obter a maior vantagem possível, enquanto aqui; a acreditar em justiça divina, terão a merecida pena…

Inté!

RLIPPI CARTOONS

DEU NO X

MONSTROS