LAUDEIR ÂNGELO - A CACETADA DO DIA

DEU NO X

CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA

MARLUCE MONTEIRO – JOÃO PESSOA-PB

Caros leitores do JBF:

Gostaria sinceramente de saber quem é o artista que mostrou com clareza a realidade brasileira atualmente.

Quem souber me conte, por favor!

Essa imagem está em todos os lugares, mas gostaria de dar os créditos!

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DEU NO JORNAL

JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

A BODEGA

A bodega do Antônio que virou “Totó”

Antônio era o nome dele. Mais precisamente, Antônio Oliveira dos Anjos, recebido na pia batismal e no Cartório de Registros. Mas ninguém o conhecia dessa forma. Era “Totó” – o “Totó da Bodega” ou, no máximo, a “Bodega do Totó”.

Totó adquirira o hábito de acordar cedo em qualquer dia, pois precisava abrir as portas da bodega que, distante de qualquer padaria, vendia, principalmente, pão e leite. Pão d´água e sovado, hoje conhecidos como pão francês e massa fina. O leite (líquido) recebia ensacado da Usina e assim o vendia. Se vendesse fora do invólucro, com certeza, 20 litros virariam 30 ou mais.

Como qualquer bodega de bairro que se preze, a Bodega do Totó era ampla, montada na frente da casa, com três portas inteiras. Duas na frente e uma na lateral esquerda – essa porta dava acesso a um local improvisado que vendia carvão, medido numa lata de querosene das grandes. Gás butano era sonho ainda distante.

O balcão inteiriço, feito de madeira, não permitia que Totó saísse, tampouco que o freguês entrasse. Ali, sobre o balcão, repousavam uma balança antiga, um alguidá de cimento que servia de depósito para toucinho salgado, tripas suínas e bovinas, pés de porco e alguns ossos carnudos que serviam de tempero para os feijões cozidos. Além, claro, de papel de embrulho e folhas de revistas que eram usadas para “enrolar” sabão, fumo de rolo e outros que tais.

Por fora do balcão, lavado uma vez por semana, ainda repousavam fechadas, sacas de café em grãos, milho, vassouras, e latas de banha suína e de côco. Por dentro do balcão, uma bacia de ágata com água, que Totó não tinha o hábito de substituir, onde depositava copos que servia doses de cachaça.

Entre o balcão e as prateleiras, sacos abertos contendo arroz, feijão, farinha – que ainda não eram embalados, e precisavam ser pesados – e um cesto feito de cipós, contendo pão.
Afixada na prateleira, a famosa e tradicional placa com o aviso: “Fiado, só amanhã”!

Mas, o que seria de Totó, se não vendesse fiado!

Era ali, no fiado, que Totó concentrava todo o percentual do seu lucro.

Mães desavisadas mandavam filhos pequenos comprar na Bodega do Totó e mandar anotar na “cardeneta” (era assim mesmo que algumas falavam).

Nessa hora, 1 Kg de qualquer coisa só pesaria 800 gramas em outro local; “meia barra de sabão” só teria um terço dela e meia garrafa de querosene para a lamparina noturna só encheria um daqueles antigos frascos azuis de leite de magnésio.

Pior que, ao somar a conta dos fiados do mês ou da semana – alguns trabalhadores recebiam pagamento semanal – Totó “levava 1” quando a soma atingia 8 ou 9 e não 10.

Três, mais dois cinco, mais quatro, nove. “Vai um”!

Era assim na Bodega do Totó, que, infelizmente resolveu agradecer ao seu santo preferido, dando o nome de fantasia de “Mercearia Santo Expedito”.

DEU NO X

CONSEQUÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÓS-CARCERÁRIA

MARCOS MAIRTON - CONTOS, CRÔNICAS E CORDEIS

SEU MANSUETO E A PIADA DO PATRÃO

Dia dos pais é dia de lembrar das histórias do Seu Mansueto. E esse é um tema no qual não falta assunto quando estamos reunidos, eu e meu irmão Materson (a quem chamamos carinhosamente de Bat, em referência ao famoso xerife americano dos tempos do velho oeste, que virou série de TV no final dos anos 1950 e inspirou seu nome: Bat Masterson).

Pois bem. Lembrando agora das histórias do Seu Mansueto, recordo que uma de suas muitas peculiaridades era sua reação a piadas e anedotas.

Pra começo de conversa, Mansueto era bem humorado, mas nunca dava uma gargalhada. Tinha um riso tranquilo, alegre, deixando aparecer o dente de ouro, mas ria em silêncio, como se reservasse o riso apenas para quem estivesse mais próximo.

Nosso Tio Detinho é que dava umas gargalhadas sonoras. Às vezes, quando isso acontecia, Mansueto olhava para Detinho admirado e dizia:

– Eu tenho vontade de saber como é dar uma gargalhada dessas…

De fato, eu e Bat concordamos que nunca vimos nosso pai rindo alto. Quando alguém começava a contar uma piada, já ficávamos na expectativa, para ver se o piadista conseguiria arrancar-lhe uma gargalhada. Mas isso nunca aconteceu.

Aliás, Mansueto tinha uma exigência para quem fosse lhe contar uma piada ou anedota: se, durante a narrativa, o piadista começasse a rir, Mansueto o interrompia.

– Peraí, rapaz! O contador de piadas não pode rir.

– Como assim, Seu Mansueto?

– Não pode! Porque tira a graça da piada. Se você vai contar uma piada pra mim, quem tem que rir sou eu. Se você, que tá contando a história, já tá rindo, não tem mais necessidade de eu rir.

– Mas a história é engraçada, Seu Mansueto…

– Eu acredito que seja mesmo, mas você tem que me deixar à vontade, pra eu rir quando a parte engraçada acontecer. Se você ficar rindo desde o começo, quando chegar a parte que é pra rir não vai ter mais graça…

A discussão seguia nisso e a piada estava perdida. O piadista teria que tentar outro dia. E tratasse de apresentar uma piada que Mansueto não conhecesse, porque piada velha não fazia ele rir, nem quando era o patrão quem contava.

Certo dia, estando Mansueto com vários colegas, no refeitório da empresa onde trabalhava, Doutor Antônio, dono do negócio, entrou no recinto e passou a conversar com eles. Conversa vai, conversa vem, o patrão resolveu contar uma piada.

Claro que todos fizeram silêncio para prestar atenção.

Ao final da narrativa, gargalhadas explodiram no ambiente. Alguns choravam de rir. Só Mansueto observava tudo com um sorriso contido. Um colega percebeu e perguntou:

– Gostou da piada do patrão não, Mansueto?

– A piada é boa, mas eu já conhecia. Eu que contei pra ele. Num foi Doutor Antônio?

– Foi – confirmou o patrão. E, dirigindo-se aos outros empregados, prosseguiu. – Ele me contou essa ontem. O Mansueto é exigente com piadas, mas ele pode, porque sabe contar bem contado.

– Pois é, Doutor Antônio – emendou Mansueto. – O senhor diz que eu sei contar piada, mas essa mesma piada, que lhe contei ontem, eu contei aqui pra eles, faz uma meia hora. Ninguém riu. Agora, como foi o senhor que contou, foi esse sucesso. Teve um ali que parece que se urinou de rir.

Agora foi a vez do patrão explodir numa gargalhada. Os empregados o acompanharam, cada um rindo mais alto que o outro. Menos Mansueto, que também ria, mas silenciosamente, como de costume.

Era assim o Velho Mansueto. Autêntico, verdadeiro e respeitado. Até quando fazia graça.

DEU NO X

UM FILME DO BANDO CRIMINOSO

MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

PRAZO LIMITE

Durante o período de transição após a eleição de 2022, arrombaram o orçamento para dar sustentação as promessas feitas pelo presidente eleito na manutenção de programas sociais como bolsa família. O governo anterior pagou auxílio emergencial com recursos oriundos dos dividendos da petrobras e outras fontes sem desrespeitar os a PEC 95/2017 que limitava as despesas do governo até o ano de 2036. A proposta do governo eleito era violar esse preceito constitucional e apresentar, até agosto de 2023, o desenho do equilíbrio fiscal. Tudo bem que temos ainda alguns dias do mês, mas não parece que tenham qualquer proposta a apresentar.

A bem da verdade, puseram à mesa uma proposta tributária vazia, ou melhor cheia de vácuo, que “acabava” com cinco impostos (PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS), centralizando a cobrança de um novo imposto substitutivo a ser pago para a União e daí ser repartido entre os municípios e estados na forma de quota-parte. Eu, francamente, não sei onde as pessoas estão com a cabeça para não ver os riscos que esse procedimento traz. Basta citar três: esse modelo tira do estado/município a autonomia de aplicar como bem entender os recursos próprios arrecadados internamente; estados e municípios passarão a depender ainda mais da administração central, numa forma de subjugar governadores e prefeitos e atender, preferencialmente, aqueles que são simpáticos ao governo em detrimento daqueles que se colocam na oposição; o governo pode contingenciar créditos comprometendo projetos estaduais e municipais.

Os fatos são simples de interpretação: passados oito meses o Brasil caiu vertiginosamente em desgraça. Uma gama de empresas fechando suas portas e gerando desemprego. O caso das Lojas Americanas é mínimo diante do abismo que se avizinha. Um detalhe técnico é que é possível uma empresa trabalhar tendo prejuízo, mas quando o nível de preços fica abaixo da curva de custo médio, acabou: é hora de sair do mercado. Numa visão primária é isso eu enxergo. O aumento do custo de produção, com o fechamento da economia em 2020, induziu o aumento dos custos e, embora, tenha havia aumento de preços, aparentemente, estes foram mais de reposição dos custos.

Além disso, a desconfiança de que o governo não teria nenhum comprometimento com o equilíbrio fiscal, haja vista o fechamento das contas com um déficit negativo de R$ 40 bilhões, nenhum incentivo à produção, etc. trazem a certeza de que vamos ter mais empresas quebrando. O detalhe é que o governo não busca com a reforma tributária fortalecer o sistema produtivo – alguns podem até ganhar -, mas o foco é garantir recursos para manter a população carente na mesma linha de miséria e com isso se manter no poder.

O que fazer então? A primeira coisa é mudar o foco e para isso é necessário contar com a cumplicidade da mídia e com os órgãos internos para atacar o governo anterior e particularmente, a pessoa do ex-presidente. Não parto aqui numa defesa cega de sua inocência, mas acredito que é preciso ser muito burro para participar de um esquema de vendas de joias, ainda mais, pela internet. Eu fico surpreso com o fato de que ao longo de 4 anos nenhuma matéria de corrupção foi publicada. Tentaram com a questão da vacina e tudo não passou de uma questão de um funcionário e nenhum centavo foi pago pelo governo; feito a coisa do leite condensado e se calaram porque no governo Dilma foi adquirido muito mais; depois teve a questão do tadalafila – que é usado para combater, também alterações na pressão – e era só uma tomada de preços. Obras e mais obras foram feitas e/ou concluídas e ninguém é capaz de citar o nome de uma empreiteira que tenha levado vantagem financeira, no entanto, se falarmos Odebrecht, OAS, UTC, etc… todos sabem em que governo elas se locupletaram.

Teremos 4 anos de um país devastado, com necessidade de reconstrução. E esse ponto é crucial: sucessores! Jair Bolsonaro ficou inelegível e está fora do pleito, muito embora eu tenha minhas desconfianças de que não seria muito diferente do que foi em 2022, com ele concorrendo. Restam dois nomes: Tarcísio e Zema. Como se sabe os governadores do Sul-Sudeste criaram uma espécie de consórcio que tem sido duramente criticado pelo governo atual. Disseram que Zema está implantando uma visão separatista, mas francamente, eu acho que precisamos ser realistas: não tem como ajudar uma pessoa que não quer ajuda e mesmo sendo nordestino entendo que temos uma parcela de responsabilidade por votar em canalhas corruptos como Lula e eleger desgraças como Fátima Bezerra.

O nordeste capenga e tudo que se faz aqui é para manter o estado de miséria do povo. Acho que todos sabem a ciclovia de 10 km que o governo petista do Piauí entregou à população por uma bagatela de R$ 6 milhões. A ciclovia, em cor vermelha, ocupava a faixa central de uma BR sem a menor proteção para quem por ela se aventurasse. Depois de ganhar os noticiários, o governo resolveu acabar com a ciclovia, gastando mais dinheiro para isso. Quanto aos R$ 6 milhões … bem, é dinheiro público que volta para fortalecer a campanha à reeleição do governador.

Não sei você, mas vou me colocar à disposição para contribuir com uma possível candidatura de Zema ou Tarcísio.

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